Momento de Reflexão: O Caminho Percorrido
Já percorremos dois trechos muito significativos. É como se estivéssemos subindo uma montanha, fazendo uma trilha – ou até mesmo um “pedal”. Estamos em um ponto onde já dá para ver alguma coisa lá embaixo. Saímos da solidão essencial e encontramos o outro. Mais do que isso: nossa mochila já tem uma Barreira de Contato, que nos permite discernir entre eu e o outro, entre o que é meu, seu e nosso.
Também já guardamos um saquinho de Criatividade Originária, algo que alimenta nossa pulsão de vida e nossa curiosidade. Que tal, então, fazermos uma pausa? Um momento para curtir o que Winnicott chamou de Estados Tranquilos.
O Que Acontece Quando Não Estamos em Atividade?
Onde e como está o bebê quando não está mamando ou buscando algo? Onde está nossa mente quando não estamos “em atividade”?

Pode acontecer de o bebê “retirar-se”, enquanto a mãe permanece por lá, sustentando a situação no tempo, aguardando que ele retome uma busca qualquer. Quando ele desperta e faz um gesto, lá está ela, apresentando-lhe um fragmento do mundo, “conversando” e interagindo com ele. Esse gesto confirma ao bebê que o mundo continua lá, vivo! A repetição regular dessa experiência vai criando nele a Capacidade de Confiar.
Capacidade de Confiar e a Formação da Fé
Quando se estabelece a Capacidade de Confiar, que poderíamos formular como: “Assim que eu precisar, ela estará lá”, o bebê passa com facilidade de Estados Excitados para Estados Tranquilos – e vice-versa. O acúmulo dessas experiências forma a base para as expectativas do bebê. Mais adiante, pode resultar no que poderíamos chamar de Fé.
A Fé, aqui, pode ter diversas dimensões, inclusive no sentido transcendental. Mas gostaria de focar na sua dimensão pessoal:
- Fé como Confiança Básica
- Fé em si mesmo e no outro
- A convicção de que “eu vou dar conta de sair dessa”
- A certeza de que “alguma coisa vai me tirar dessa situação”
- A confiança no coletivo: “vamos dar um jeito nisso”
A Importância da Pausa e do Espaço Interno
Como você deve ter percebido, é somente a partir de um estado de descanso e apaziguamento que um impulso qualquer pode ser sentido como real e pode, então, tornar-se verdadeiramente uma experiência pessoal.
É preciso cultivar um espaço dentro de nossa mente ansiosa, que nos permita descansar e nos retirar, temporariamente, de qualquer atividade. Precisamos encontrar um momento para uma pausa, um lugar (interno, inclusive), onde o desejo de atividade possa brotar espontaneamente.
Fé, pra dentro da nossa mochila.