Psicólogo, psicoterapeuta e psicanalista
Uma Caminhada Rumo ao Amadurecimento Pessoal – Segundo Trecho
Uma Caminhada Rumo ao Amadurecimento Pessoal – Segundo Trecho

Uma Caminhada Rumo ao Amadurecimento Pessoal – Segundo Trecho

A Barreira de Contato: Flexível e Permeável

Nosso “mochilão” já tem um apetrecho indispensável: uma Barreira de Contato. O interessante é que isso não é um objeto concreto, fixo, como um canivete, por exemplo. Uma Barreira de Contato é algo dinâmico, que se desenvolve à medida que a usamos. Não é um tijolo ou um muro, mas está mais para uma tela: resistente, flexível e, principalmente, permeável.

Dessa forma, entre eu e o outro, entre o meu, o seu e o nosso, pode haver troca, intercâmbio. Estou aqui tomando emprestado uma expressão usada pela primeira vez por Freud, que falava sobre a existência de uma barreira mental, uma delimitação entre consciência e inconsciente (do contrário, seríamos todos psicóticos). Essa ideia foi retomada por Bion e, aqui, aplicada às nossas relações interpessoais. Poderíamos chamar essa barreira de “rede” ou “tecido”, algo que nos contenha e permita discriminar sonho e realidade, ideias e fatos.

Psicanálise
Fonte: Reprodução Original

A Primeira Mamada Teórica: O Início da Busca

Bora lá retomar nossa caminhada! Assim que nascemos, logo depois, mamamos – e continuaremos mamando por um bom tempo. Nosso “mapa” é assim: vamos refazendo o percurso do desenvolvimento infantil. Seguimos um roteiro deixado por um psicanalista-pediatra – só podia ser assim.

Winnicott chama esse próximo estágio de A Primeira Mamada Teórica. “Teórica” porque esses estágios são apenas uma teoria – ou seja, uma ideia, uma aproximação da realidade, formulada a partir de observações clínicas. O que importa aqui para nós é: o que resulta dessa experiência? O que desse período fica para todo o resto da caminhada?

A ideia é que, na nossa “primeira mamada”, apoiados numa tensão instintual (ou fome), fazemos um movimento com a mão ou com a boca, buscando um suposto objeto. Esse gesto anuncia: “Estou precisando de algo… estou buscando algo…” Se, nesse momento, a mãe coloca o seio em posição de ser encontrado, pode surgir um sentimento de satisfação: “Era isso que eu precisava!”

Reflexões Sobre Nosso Lugar no Mundo

Essa cena nos leva a várias reflexões possíveis:

  • Tenho sido visto pelo outro? (A mãe facilitadora percebe o gesto do bebê.)
  • Os ambientes que frequento permitem que eu aja com espontaneidade e criatividade? (O bebê tem a iniciativa de um gesto espontâneo.)
  • Como está meu interesse e curiosidade pelo outro e pelo mundo?
  • Como tenho apresentado o meu mundo ao outro?

Criatividade: Um Recurso Essencial para Nossa Caminhada

A criatividade originária que todos temos precisa ser exercida. Para pintar um quadro, é bom praticar a pintura. Mas, ao mesmo tempo, precisamos de tinta e de tela.

Uma porção de criatividade, seja um pequeno pote ou um saquinho, também vai pra dentro da nossa mochila!

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